terça-feira, 15 de maio de 2012

Tuta, da Jovem Pan: “A rádio é o meu pão de cada dia.”


Por Vany Laubé

Pouco mais de 10 dias do início de mais uma edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, tive como meta entrevistar o jornalista e empresário Antonio Augusto Amaral de Carvalho. O Sr. Tuta, como é conhecido pelos corredores e andares da Jovem Pan, que ele comanda há quase 40 anos, após adquirir as ações da empresa montada por seu pai, Paulo Machado de Carvalho, será o homenageado deste ano para receber o Prêmio Personalidade daComunicação
O evento está marcado para acontecer depois das atividades do primeiro dia do #congresso4em1, e é especialmente importante porque o presidente da Rádio Jovem Pan é o primeiro radialista a receber o prêmio, já concedido a 14 outros importantes nomes ligados à Comunicação, entre jornalistas, pesquisadores e relações públicas.
Com a tranquilidade de quem tem conhecimento de causa, ele falou durante quase uma hora sobre algumas pedras em seu sapato, como a Voz do Brasil, o monopólio das transmissões de futebol da televisão brasileira, que compromete a qualidade e criatividade do produto e de como as rádios, já sem muito a ganhar pela falta de anunciantes, perdem com o fenômeno das rádios online. 
O Prêmio Personalidade da Comunicação já foi entregue José Hamilton Ribeiro (1999), Vera Giagrande (2000), Miguel Jorge (2001), Alberto Dines e Paulo Nassar (2002), Mino Carta e Gaudêncio Torquato (2003), Ruy Mesquita (2004), Roberto Civita (2005), Octavio Frias de Oliveira (2006), Johnny Saad (2007), Audálio Dantas e Maurício Azêdo (2008), Nelson Sirotsky (2009), J. Háwilla (2010) e José Marques de Melo (2011). Este ano, a solenidade acontecerá a partir das 19h30 do dia 29 de maio, no auditório do Centro de Convenções Rebouças. Na lista de convidados, o Governador Geraldo Alkmin, o prefeito Gilberto Kassab, entre outras autoridades, além dos congressistas e convidados especiais.

Ranço da ditadura
“A Voz do Brasil atrapalha o rádio. Ela foi criada na era de Vargas, que via naquele modelo uma forma de propaganda, a exemplo do que Hitler fez para vender seu peixe. Naquela época poderia até ser válido, mas 50 anos depois é ranço da ditadura. Ela me irrita porque é muito mal feita, sem capricho. Além disso, é feita em Brasília e a cidade não representa o País todo. Isso deve ser considerado.”

O rádio
“Se os carros-chefe de uma rádio são o jornalismo e o esporte? Fico com o jornalismo. Sou brasileiro, jornalista sindicalizado e um dos primeiros a ter registro no Brasil, de número 816. Não tem como minha rádio ter um viés que não seja jornalístico.”

“A rádio é meu pão de cada dia e o de mais de 400 funcionários, e, portanto, famílias pelas quais somos responsáveis.”

“A lei trabalhista é errada; seus parâmetros são os piores empregados. Quem tem talento acaba prejudicado. Se eu pago bem a um funcionário brilhante, o medíocre vai lá e pede equiparação salarial. É um erro em vários aspectos.”

“O fato de as concessões serem políticas, as rádios não caem em mãos competentes. Os anunciantes são os mesmos, imagina isso no interior. Por isso é difícil sobreviver de rádio. Toda estação precisa de verba e os anunciantes não pagam.”

Rádio online

“Sou contra. Cada um faz sua lista de músicas, não cria programa. Para se ter programa é preciso de anunciante e anunciante quer audiência. Não é bacana porque tira público da rádio e quem acaba ganhando são as emissoras mais fortes.”

“Hoje somos 134 mil estações replicando o conteúdo da Jovem Pan, mas não tem como pedir 1 mil reais por mês para isso, porque em várias praças, anúncio custa dois reais. A gente tem que dar a transmissão de graça. O governo deveria atuar para evitar a morte da rádio.”

Copa do Mundo e Olimpíadas

Acho muito difícil que o Brasil consiga fazer uma Copa bonita. Não adianta haver talentos sem integração. Nossos jogadores vêm de fora, não treinam por três meses seguidos, muitas vezes vão jogar juntos pela primeira vez às vésperas da Copa.  Estádio em Manaus é de morrer de rir, é completamente absurdo. É um espetáculo para 5 mil pessoas e sempre serão as mesmas. Quem quer fazer novos estádios ao invés de trabalhar nos que já existem é gente querendo pôr a mão no dinheiro. E o trem bala, e os aeroportos?”

“Olimpíada, então, piorou. O Brasil não tem tradição de Olimpíada Até hoje somos os maiores em futebol do Mundo, mas nunca levamos uma Olimpíada. Brasileiro que quer ser atleta se muda para os Estados Unidos.”

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